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Por um escritor misterioso

Descrição

lt;em>A Plague Tale: Innocence</em> &eacute; um jogo de furtividade em terceira pessoa que foge dos combates de espadas e sistemas de RPG para focar em uma trama densa ambientada na era medieval, em meio &agrave; Inquisi&ccedil;&atilde;o.<p/>Baseado em a&ccedil;&otilde;es furtivas e resolu&ccedil;&otilde;es de quebra-cabe&ccedil;as, <em>A Plague Tale</em> se desenvolve em uma narrativa bem estruturada, com personagens maquiav&eacute;licos e corajosos convincentes no contexto em que s&atilde;o apresentados.<p/>Somando arte gr&aacute;fica e trilha sonora sinistra, a imers&atilde;o est&aacute; pronta para voc&ecirc; se perder em uma jornada cheia de ratos enraivecidos e um padre t&atilde;o pavoroso quanto Palpatine.<p/>O jogo se desenvolve atrav&eacute;s de cap&iacute;tulos, pelos quais voc&ecirc; gradualmente encontra novos companheiros, enfrenta soldados da Inquisi&ccedil;&atilde;o e protege seu irm&atilde;o mais novo, Hugo, alvo do Grande Inquisidor.<p/><p/>A hist&oacute;ria &eacute; centrada em uma fam&iacute;lia real da Fran&ccedil;a, cujo filho mais novo vive afastado de tudo e todos em seu quarto cuidado pela m&atilde;e, devido &agrave; Macula, uma doen&ccedil;a misteriosa que corre em seu sangue.<p/>Quando Am&iacute;cia, filha mais velha e a personagem com a qual jogamos a maior parte do tempo, sai para caminhar com seu pai e seu c&atilde;o pela floresta, o passeio funciona como um breve tutorial para ensinar os comandos b&aacute;sicos que v&atilde;o nos acompanhar ao longo do jogo.<p/>A hist&oacute;ria logo muda de atmosfera e entra em novos planos de adrenalina e terror quando soldados invadem o castelo em busca de Hugo, que eles julgam ser o respons&aacute;vel por uma terr&iacute;vel praga que est&aacute; se alastrando.<p/>Como em um livro medial digno de proibi&ccedil;&atilde;o pela Igreja Cat&oacute;lica, a trama se desenvolve alcan&ccedil;ando v&aacute;rios cl&iacute;max e blasf&ecirc;mias ao entrar cada vez mais fundo em ambientes dominados pela praga, repletos de corpos incinerados, moribundos e hordas de ratos alucinados em busca de carne humana.<p/>A jogabilidade se baseia basicamente em se esgueirar pela vegeta&ccedil;&atilde;o alta e por elementos do cen&aacute;rio para ultrapassar soldados sem ser descoberto. O combate &eacute; feito com o estilingue de Am&iacute;cia, que deve de maneira silenciosa matar e distrair seus inimigos e enfrentar multid&otilde;es de ratos que saem da terra, que s&atilde;o repelidos pelo fogo. Dessa maneira, voc&ecirc; deve se defender das ratazanas famintas acendendo fogueiras e criando tochas para atravessar os cen&aacute;rios.<p/>As habilidades s&atilde;o adquiridas &agrave; medida que Am&iacute;cia encontra novos personagens ao longo do caminho, que concedem receitas de po&ccedil;&otilde;es que ser&atilde;o usadas ao seu favor conforme a hist&oacute;ria exige para enfrentar os novos obst&aacute;culos.<p/>&Eacute; poss&iacute;vel criar po&ccedil;&otilde;es que apagam o fogo para que ratos ao redor ataquem os soldados por voc&ecirc;. Ou concentrar os ratos onde voc&ecirc; joga a po&ccedil;&atilde;o, inclusive diretamente nos inimigos para serem ro&iacute;dos. Outra, atordoa os soldados com armaduras para voc&ecirc; acertar com pedras quando eles tiram o capacete.<p/>Os recursos que Am&iacute;cia coleta enquanto explora os locais, que surgem brilhando na tela, s&atilde;o usados para melhorar seus utens&iacute;lios em uma mesa espec&iacute;fica. Os objetos com os quais voc&ecirc; deve interagir aparecem com um &iacute;cone redondo.<p/>Desde as resolu&ccedil;&otilde;es dos puzzles at&eacute; as melhores maneiras de se safar s&atilde;o feitas com base na combina&ccedil;&atilde;o de instinto e experi&ecirc;ncias anteriores com o que o cen&aacute;rio apresenta em cada situa&ccedil;&atilde;o - e &agrave;s vezes com a ajuda que o personagem companheiro pode dar como suporte.<p/>Embora os comandos sejam b&aacute;sicos, a jogabilidade &eacute; bem desafiadora. N&atilde;o &eacute; nada f&aacute;cil enfrentar &ldquo;furac&otilde;es&rdquo; de ratos e nem sempre &eacute; simples encontrar a solu&ccedil;&atilde;o dos puzzles. Al&eacute;m de aten&ccedil;&atilde;o e l&oacute;gica, o jogo tamb&eacute;m exige muita rapidez de racioc&iacute;nio e de reflexos de movimento.<p/>Inclusive, o que mais me agradou foi isso: o jogo exigiu muito de mim e me testou em v&aacute;rias situa&ccedil;&otilde;es, a ponto de inclusive demorar um bom tempo para conseguir concluir algo, como no &uacute;ltimo cap&iacute;tulo em combate contra o &uacute;ltimo chef&atilde;o &ndash; que faz jus a todo o seu poder apresentado pela trama.<p/><p/><em>A Plague Tale</em> nos conduz em uma hist&oacute;ria com tal profundidade liter&aacute;ria que &eacute; como se voc&ecirc; estivesse realmente jogando uma lenda proibida, em um enredo linear que conecta dois antagonistas que trazem a mesma ruptura com a inoc&ecirc;ncia.<p/>Hugo, uma crian&ccedil;a que sofre com os sintomas severos de sua condi&ccedil;&atilde;o apenas come&ccedil;a a experimentar o mundo fora de seu quarto em um cen&aacute;rio ca&oacute;tico, formando uma vis&atilde;o da realidade e das coisas simples da vida de maneira distorcida. J&aacute; que al&eacute;m do pr&oacute;prio ambiente ter sido tomado pela praga, as pessoas est&atilde;o cheia de &oacute;dio devido ao medo de que a fam&iacute;lia real seja respons&aacute;vel por todo o mal.<p/>Embora seja Am&iacute;cia quem realize todos os combates e seja a personagem jog&aacute;vel a maior parte do tempo, &eacute; Hugo o protagonista, que sem a sua inf&acirc;ncia corrompida n&atilde;o haveria hist&oacute;ria.<p/>Antes ligados apenas pelo la&ccedil;o de sangue, os irm&atilde;o come&ccedil;am a se conectar profundamente &agrave; medida que a hist&oacute;ria se constr&oacute;i, e novos colegas surgem no caminho como esperan&ccedil;a em meio ao cen&aacute;rio desumano e decadente.<p/>Enquanto isso, o contexto &eacute; dominado por personagens grotescos e cen&aacute;rios ainda mais p&uacute;tridos que retratam todo o mal causado pela persegui&ccedil;&atilde;o religiosa da &eacute;poca, com muito gore e falta de humanidade com os inocentes do local.<p/>A experi&ecirc;ncia de jogo &eacute; muito marcante, porque leva suas sensa&ccedil;&otilde;es a altos e baixos enquanto molda situa&ccedil;&otilde;es que questionam a moralidade em torno de um casal de irm&atilde;os solit&aacute;rios enfrentando a barb&aacute;rie em nome da religi&atilde;o.<p/><em>A Plague Tale: Innocence </em>traz um novo tipo de abordagem narrativa da tem&aacute;tica de Ca&ccedil;a &agrave;s Bruxas. Um conto de fantasia sombrio que se mistura a boas doses de realidade para retratar a inf&acirc;ncia corrompida - e que tamb&eacute;m corrompe a imagem &ldquo;imaculada&rdquo; da Igreja Cat&oacute;lica medieval.<p/><em>A Plague Tale: Innocence</em> foi lan&ccedil;ado em maio de 2019 pelo est&uacute;dio franc&ecirc;s Asobo e est&aacute; dispon&iacute;vel para PC, PlayStation 4 e Xbox One.<p/>(Raquel Rapini, do site )<p/>
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